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Aevum.

Tempo, tempus, temporis. "O tempo", é o momento atmosférico, é a definição do clima e das estações do ano. É o momento sob as luzes da ribalta, dos segundos, minutos, horas, dias, anos. Para ti, "tempo" é algo explicado com teorias físicas e com um topping de equações complexas para a maioria, mas banais para ti. Para mim, "tempo" é algo que se cronometra ao não se poder sequer cronometrar, é poesia, prosa, epopeia e um tanto de quês com significado metafórico e delusional. Para nós, "tempo" foi sinónimo de fim. Apartir do momento em que se estende, o tempo tende a substituir X por Y e aquilo que nos prendia, passa a tornar-nos leves e vice-versa. Aí reside o nosso quê. Estavas "preso" a mim porque vivias em dor, vivias de luto, amargorado e com medo de abrir a janela. Porque afinal, "pássaros presos em gaiolas, acreditam que voar é uma doença". Era isso que te mantinha por perto, eu proporcionava-te algo de dif...

Ode sem D.

D esisto de quem nunca chegou a insistir. Desisto de quem deixou de procurar e preferiu fugir. Desisto de procurar ficar, de procurar não procurar quem quer desaparecer. Aquele que te guarda, não dorme. Já estou cheia de me sentir vazia. O maior problema de virar a página, é querer voltar a ler outra vez, capítulos encerrados, rasgados, rabiscados, amados, amachucados, rejeitados. Não desistimos do que queremos, apenas desistimos do que dói, do que magoa, arde e arranha. Desistimos do que já desistiu de nós. Tens os braços em que quero naufragar; Os olhos em que me quero perder Tens o sorriso que não consegue passar despercebido; A voz que eu gostaria de nunca deixar de ouvir. Lembro-me de ti como se fosse amanhã. Lembro-me de ti no ténue ato de esquecer, entre absintos e vodka preta, entre cigarros e cannabis. Lembro-me de ti quando sigo sozinha entre multidões, a sorrir e a deslindar memórias e fragmentos de palavras que nunca chegaram a ser proferidas. Lembro-me de ti...

Gira o sol.

Mostraste-me que a "errada" nunca fui eu. Mostraste-me que escolhia sempre as pessoas "erradas", porque a certa foste tu. Nutro um desejo insaciável de estar certa com a pessoa errada. Sim.  Tu és o certo. Mas o que fazer quando se quer os errados? Vivo no caos, mesmo. Vivo no caos e dele faço ordem. Ordem lívida. Mas ordem. És o morto mais rico do cemitério.  Tiveste e deixaste ir  a errada mais certa que tiveste. Linhas paralelas encontram-se no infinito. - "O infinito não acaba. O infinito é apenas um nunca."-  Ou um sempre. Não digas nada. Sabe tudo. Fica calado e deixa-me muda. Sê extremo lateral, sê centro. Fica por fora, fica por dentro. Sê inteiro, sê metade. Se for para ficar, fica à vontade. Não me perguntes, não me respondas. Não me procures, não te escondas. Só aquilo que é bom, dura o tempo suficiente para se tornar inesquecível. Lá vou eu de novo feita girassol. Lá vou eu procurar o desconsolo que me cansei de conhecer. ...

Enorme.

Por vezes, inspiramos as nuvens, fundo o suficiente até sentir chover dentro do peito. Por vezes, é preciso saber ser imenso para poder transbordar. Por vezes. A noite. A noite é enorme, toda a gente dorme, menos nós os dois. Sussurro: Não te esqueças de mim. Não te esqueças de tudo aquilo que não vivemos, nem te esqueças de todas as promessas que não foram feitas. Mesmo se os nossos caminhos cruzarem rumos distintos, não te esqueças. Lembra-te do meu desamor, do corpo em que nunca tocaste, do cheiro que nunca chegou a impregnar-se em ti. Posso não ser muito, mas sou o suficiente que deixaste. Um soldado na guerra nunca atira em si mesmo, porque partiste? Não te esqueças de mim, pois um dia irás entender que algo nos une ou uniu, nem que sejam as dúvidas de tempos atrozes e psicadélicos. Não te esqueças. Juro solenemente não fazer nada de bom se não te esqueceres, mas sabes que será reconfortante ao sentir o âmago dos fragmentos que te deixei. Mantive-te perto apesar da d...

Vai mas vem.

Parabéns a ti que tens sonhos, que não desistes, apesar do que falam, que não te abalas apesar do medo. Parabéns a ele que tem mas pensa não ter, procura o que já tem mas não quer ver. Toma como garantido aquilo que não se garante, uma vez que as pessoas não são objecto e seguem como vento em incessantes vendavais. Parabéns a ela que nada tem se não tudo aquilo que não quer, que batalha para perder e segue para sempre alegre com a sua tristeza a arder. Parabéns a nós que existimos com a coadjuvante de inalar o  prepotente ópio da existência. Parabéns a vós que nada sois e insistis em ser nada mais que apenas fúteis seres. Parabéns a eles que seguem mortos na sua vida dilacerante de sorrisos ténues e amargos. Parabéns a mim que me enquadro naquilo que não se escreve, que s into a saudade latente no peito, que vejo partir um ou dois turistas que insistem em querer voltar.  Sou comboio. Sou comboio cheio mas vago. Sou comboio descompensado que tanto vira m...

Mas.

Não sei. Não sei o que vi em ti, porque é que fiquei e não parti. Não sei porque passo por cima de mim, de quem sou, para te reconfortar a ti, que nem és. Tu sabes que...desculpa. *Tu devias saber que, não sou dessas que se encontram a pontapés, que molda a personalidade quando lhe convém, que diz algo por dizer, para agradar ou para embelezar quadros. Não sou. Não sou muita coisa, mas falsa não sou mesmo. Desde o primeiro momento que te disse que estaria aqui até ao fim, que realmente estou. Estou aqui. Estou aqui como estive quando tiveste a abeirar o abismo. Estou aqui como estive estes meses. Estou aqui como estive das várias vezes em que precisaste de descarregar as frustrações que te pesavam a alma. Não estou aqui só por ficar bonito estar. Não estou aqui só para te reconfortar. Não estou aqui só por não ter por onde ir, não penses. Não estou aqui só porque estou. Não estou aqui desde o início mas garanto que estarei até ao fim. Estou aqui até que te esqueças compl...

18:13

É difícil respirar os ventos de hoje. O sol de amanhã também será difícil de absorver. Vou contar até treze, na esperança de que o ar do mundo se adira aos meus pulmões e me deixe coexistir mais um milissegundo que seja. Se tivesse fé, rezaria. Rezaria para que a minha vida voltasse à minha posse e não permanecesse na mão de alguém no invisível existencial. Sou uma fractura exposta e tu não precisas de carregar as minhas mágoas, má disposição e desabafos. Na violência da passividade, já parei de sentir. Quando os dias não passam apenas de datas nos jornais; horas e minutos são iguais.  Quando os teus amigos não te dizem nada demais, quando tudo vira um enorme tanto faz...é preciso pintar o medo de coragem. Coragem para recuperar o instinto selvagem, saber  que não im porta quantos são os que te vão magoar, não importa quando são aqueles que irão fugir. Importa quem fica e insiste em ficar. A tua vez há-de chegar, nada no mundo vale aquilo que tu me fize...